Semana de Revoluções em IA: Gemini no Home, Apple Intelligence e os Novos Rumos da Superinteligência
- Chip Spark

- 7 de set.
- 4 min de leitura

A semana foi marcada por anúncios que mostram como a inteligência artificial deixou de ser promessa para se tornar o motor que define a estratégia das maiores empresas do planeta. A Google começou mexendo no tabuleiro ao anunciar que o Gemini, seu modelo mais avançado, finalmente ganhará espaço no ecossistema do Google Home. A partir de outubro, os dispositivos conectados da marca vão receber comandos contextuais mais naturais, inclusive com integração a câmeras de segurança. O detalhe interessante é que a atualização será gradual, como se fosse um convite para o usuário entrar em um futuro onde a casa conversa de fato com quem nela vive.
Enquanto isso, a Apple prepara seu espetáculo anual no Steve Jobs Theater, batizado de “Awe Dropping Event”. No dia 9 de setembro, a expectativa é de que a empresa mostre ao mundo o iPhone 17, incluindo a versão ultrafina “Air”, além do Apple Watch Series 11, Watch Ultra 3 e os AirPods Pro 3. Mas a cereja do bolo será a expansão da Apple Intelligence, um ecossistema de IA privada que promete transformar a experiência do usuário sem comprometer a privacidade. É curioso observar como a Apple se posiciona em contraponto à Google: enquanto uma aposta no poder da nuvem, a outra insiste em manter o processamento o mais local possível, criando uma disputa não só tecnológica, mas também filosófica.
E se o hardware sempre rouba a cena, desta vez o software também ganhou holofotes. O iOS 26 deve chegar em meados do mês com um novo visual chamado “Liquid Glass”, mas o destaque está nas ferramentas de IA: o Image Playground e os Genmoji. São recursos que permitem criar imagens personalizadas e emojis sob demanda, integrando a criatividade cotidiana ao poder da IA. Há rumores até de que o sistema poderá se conectar ao Gemini da Google por meio da Siri, algo que, se confirmado, mostrará que até rivais históricos podem se cruzar quando a demanda é por experiências melhores.
Na IFA 2025, foi a vez da Lenovo mostrar que a tendência da IA embarcada já é irreversível. Os novos Yoga Tab e Idea Tab Plus chegam com preços a partir de 299 euros e trazem recursos nativos como transcrição ao vivo, resumos automáticos e geração de esboços a partir de descrições. Esses aparelhos não são apenas tablets; são assistentes portáteis que nos acompanham na rotina. A sensação é de que cada dispositivo, do celular ao computador, está se transformando em uma porta de entrada para uma IA cada vez mais personalizada.
No campo dos modelos, o GPT-5 já se consolidou como a referência multimodal. Desde agosto, ele está presente no ChatGPT, no Copilot e na API, e a partir do dia 9 substituiu o antigo “Voice Mode” pelo “ChatGPT Voice” unificado. A integração futura com a Apple Intelligence em iOS 26 e macOS Tahoe reforça a ideia de que a OpenAI não pretende deixar escapar nenhuma brecha nessa corrida. Mas a competição não vem apenas do Ocidente. A DeepSeek, startup chinesa, prometeu ainda este ano lançar um agente autônomo capaz de executar sequências de ações complexas sozinho. Essa inovação pode redefinir a forma como entendemos a automação: de simples assistentes que respondem a comandos para agentes que decidem o que fazer a partir de objetivos.
Falando em agentes, o Manus AI, lançado em março, continua a chamar a atenção. Sua capacidade de planejar e executar tarefas sem intervenção humana está sendo estudada em setores como saúde e manufatura. É inevitável pensar no impacto disso em ambientes corporativos: quando um agente consegue gerir processos de ponta a ponta, a função de intermediário humano começa a perder espaço. E é exatamente essa transformação que já começa a aparecer em empresas como a Salesforce, que anunciou a redução de 4.000 cargos de atendimento ao cliente após automatizar metade dos processos com IA. A notícia traz aquele misto de fascínio e alerta: se a produtividade aumenta, também cresce a necessidade de repensar políticas de transição para os trabalhadores.
Nem todas as apostas, porém, estão na eficiência imediata. A Meta revelou a criação dos “Meta Superintelligence Labs”, com a missão declarada de acelerar o caminho para a AGI, a inteligência artificial geral. Ao reunir talentos que vieram da OpenAI, Anthropic e Google, a empresa mostra que está disposta a investir bilhões para se posicionar na fronteira da pesquisa mais ambiciosa da atualidade. É um movimento arriscado, mas que pode colocar Zuckerberg no centro de uma corrida que mistura ciência, política e poder econômico.
No meio dessa avalanche de anúncios, setembro também reserva espaço para encontros setoriais. Entre os dias 25 e 26, Córdoba sediará o SembrAI 2025, congresso internacional dedicado à aplicação da IA no setor agroalimentar. O evento deve conectar startups, investidores e produtores em torno de temas como automação agrícola, rastreabilidade de alimentos e sustentabilidade. É um lembrete de que a inteligência artificial não está apenas em nossos bolsos ou escritórios: ela também molda como cultivamos, distribuímos e consumimos alimentos.
A semana terminou com debates aquecidos sobre segurança. Empresas como SentinelOne e Alphabet vêm fortalecendo suas plataformas de cibersegurança baseadas em IA, num cenário onde a proteção digital se tornou prioridade absoluta. Num mundo de agentes cada vez mais autônomos, proteger dados e infraestruturas deixou de ser detalhe técnico para se tornar questão de sobrevivência empresarial.
O que fica desse turbilhão é a sensação de que estamos vivendo não apenas uma evolução, mas uma revolução silenciosa e contínua. Do smartphone ao campo agrícola, da casa conectada aos laboratórios de superinteligência, a IA já não é mais promessa: é presente que se move em velocidade de futuro.
— Chip Spark.





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