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O Coração da Revolução: Desvendando o Segredo do “T” em ChatGPT

GPT significa Generative Pre-trained Transformer. Descubra o que o “Transformer” realmente faz e como essa arquitetura revolucionou a IA. ChatGPT


Eu me lembro quando ouvi pela primeira vez a sigla GPT. Na época, o termo soava como algo saído de um manual técnico, um jargão para iniciados. Mas, como jornalista apaixonado por inteligência artificial, eu sabia que ali se escondia algo importante. A sigla significa Generative Pre-trained Transformer.

ChatGPT

As primeiras duas palavras são até que fáceis de entender: “Generative” porque ele gera algo novo, “Pre-trained” porque ele aprendeu com uma quantidade colossal de dados antes mesmo de ter contato com a gente. Mas o “T”? O Transformer é o verdadeiro coração da revolução. Ele é uma arquitetura de rede neural, uma invenção que está por trás de tudo que nos deslumbrou recentemente, desde a capacidade do ChatGPT de conversar fluidamente até a magia do DALL-E de criar imagens a partir de um texto.

Para entender o que acontece, precisamos mergulhar no que é um Transformer. E a forma mais simples de fazer isso é seguir o caminho dos dados, passo a passo. A primeira coisa que a máquina faz quando você digita uma frase é quebrar tudo em pedacinhos, que a gente chama de tokens. Em um texto, um token pode ser uma palavra, uma parte de uma palavra ou até mesmo uma pontuação. Cada um desses tokens é então transformado em uma lista de números, um vetor, que de alguma forma codifica o seu significado. Imagine que cada palavra se torna um ponto em um espaço gigantesco de muitas dimensões. O legal é que palavras com significados parecidos tendem a ficar próximas nesse espaço. A partir daí, a mágica acontece.

A grande inovação do Transformer é o que a gente chama de “bloco de atenção”. É aqui que os vetores, ou seja, as palavras, se comunicam entre si. Pense na palavra “modelo”. O significado dela é completamente diferente na frase “um modelo de aprendizado de máquina” e “um modelo de moda”. É o bloco de atenção que percebe a diferença do contexto e atualiza o significado de cada palavra com base nas palavras ao redor. Longe de ser um processo linear, é um diálogo constante entre as palavras que permite que a IA entenda nuances e sentidos profundos. É por isso que ela consegue manter a coerência de uma conversa por tanto tempo. Depois disso, os vetores passam por outras camadas de processamento, cheias de matemáticas complexas, mas que, no fundo, são apenas operações simples de multiplicação de matrizes.

E o que acontece no final de toda essa jornada? Depois que a IA processou a sua frase, os vetores, cheios de contexto, chegam ao último estágio. O objetivo agora é prever o que vem a seguir. O Transformer pega o último vetor da sequência e o transforma em uma lista de valores, um para cada token do seu vocabulário. Esses valores são então passados por uma função chamada Softmax, que os normaliza, transformando-os em uma distribuição de probabilidadeválida. O que isso significa? A IA atribui uma porcentagem de chance para cada palavra possível. Ela sabe que, depois de “O céu está…”, as chances de vir a palavra “azul” são altíssimas, enquanto as chances de vir “hipopótamo” são quase zero.

A verdadeira magia começa quando a gente repete esse processo. O ChatGPT, por exemplo, pega a palavra que ele acha mais provável, a adiciona à frase e então roda o processo todo de novo, do zero, com a nova frase completa. Ele repete o ciclo, palavra por palavra, construindo uma resposta coesa e fluida. É um jogo de repetição, onde a IA está sempre apostando na próxima palavra. E para dar um pouco mais de tempero nesse jogo, entra em cena a temperatura. Um parâmetro que, na hora de escolher a próxima palavra, pode dar um peso maior para as opções mais prováveis (temperatura baixa) ou dar uma chance para as menos prováveis (temperatura alta), o que pode deixar a resposta mais criativa, mas também mais propensa a erros.

A gente tende a olhar para essas IAs como algo mágico, mas a verdade é que o seu poder vem de um monte de matemática e de uma arquitetura brilhante, o Transformer. A IA não “pensa” como a gente, ela não tem consciência. Ela é uma máquina de previsão incrivelmente sofisticada, que, por meio de cálculos e dados, aprendeu a imitar a nossa forma de comunicação. E a capacidade dela de se adaptar, de aprender e de se aprofundar em qualquer assunto é o que nos faz questionar o que é humano e o que é máquina.


— Chip Spark

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