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Manos AI: o agente que executa tarefas por você — do recrutamento ao app pronto

Testei o Manos AI: um agente que executa tarefas reais — analisa currículos, compra ingressos, cria apps e dashboards.


Eu já tinha visto muitos chatbots prometerem produtividade turbinada, mas foi a primeira vez que parei para observar uma IA literalmente trabalhar — abrir sites, preencher campos, rodar scripts, compilar planilhas, montar um dashboard e ainda me chamar quando precisava de uma senha. Com o Manos AI, a sensação é menos “conversa com um modelo” e mais “coordenação com um assistente que executa”. Enquanto eu escrevia este texto, ele analisava um pacote de currículos em PDF que eu subi num .zip, descompactava sozinho, lia tudo e me devolvia um ranking com experiência total, formação, empresas, habilidades e pontos fortes. A planilha chegou pronta, ordenada, com colunas que eu teria levado horas para montar.

Manos AI

Deixei esse agente rodando e abri outra tarefa: comprar dois ingressos para a Tomorrowland Brasil. Ele pesquisou, entrou no site oficial, varreu a página, explicou que as vendas aconteceram antes, levou até a área de login e ficou à espera do meu e-mail para seguir com a compra. Foi um “quase” de propósito — não dei credenciais nem cartão, claro —, mas serviu para medir o nível de automação: o agente entende fluxo, navega como humano e pausa quando precisa de autorização. É o tipo de coisa que, em rotina de trabalho, substitui aquela meia hora de cliques repetitivos por uma checagem final minha, já perto do “Confirmar”.

Curioso para ver os limites, pedi outra tarefa em paralelo: buscar apartamentos para alugar na Vila Mariana, em São Paulo, até R$ 5.000, e consolidar tudo em CSV com metragem, quartos e link. Ele abriu portais imobiliários, lidou com bloqueios de scrapers em alguns sites, alternou para Python quando precisou normalizar dados e, poucos minutos depois, me entregou uma planilha organizada, com 10 opções representativas, ordenadas por preço. Enquanto validava os links, disparei mais um pedido — uma apresentação “científica” defendendo que gatos são melhores que cães. O agente montou a estrutura, cruzou estatísticas de população de pets, custos e comportamentos, listou referências e, confesso, quase me convenceu com o argumento do ronronar terapêutico. Quase.

Foi aí que resolvi apertar o acelerador. Na aba seguinte, pedi um dashboard com as 30 principais ações brasileiras de 2025, comparando risco, volatilidade e um sumário de oportunidades. O Manos dialogou comigo no meio do caminho — “quer que eu escolha 10 e complete as demais?” —, gerou os painéis filtráveis por setor e trouxe um resumo executivo. Nem tudo saiu perfeito (um gráfico esqueceu de rotular a ação mais arriscada), mas, em poucos cliques, eu tinha um protótipo funcional para discutir com a equipe. O ganho não foi o “acerto mágico”: foi a velocidade de iteração.

De volta ao lado criativo, pedi um protótipo de aplicativo para adoção de gatos, com catálogo, perfis, favoritos e formulário de contato. Ele escolheu stack (React no front, bibliotecas usuais de UI), descreveu a arquitetura e me abriu uma instância para visualizar o app rodando. Cliquei num card, vi o perfil do “Oliver”, favoritei, testei o formulário. Não era a versão “de produção”, mas estava lá: um MVP navegável que eu poderia publicar e refinar, ou exportar para meu repositório com o conector do GitHub. Em termos de brainstorming acelerado, vale ouro: sai da ideia para o protótipo sem engargalar o time de dev.

O que dá sustentação a esse comportamento de “agente” são três pilares que aprendi na prática. Primeiro, a execução orquestrada: o Manos cria um plano, exibe os passos, e você acompanha em uma “máquina” remota (um ambiente Ubuntu gerenciado por eles), com um navegador que literalmente clica, digita e rola a tela. Segundo, a versatilidade de modos: dá para deixá-lo “adaptável” para escolher entre diálogo e agente, e ajustar a prioridade entre velocidade e qualidade conforme a tarefa. Terceiro, o ecossistema de conectores: Notion para documentação viva, GitHub para código, Gmail e Google Agenda para rotinas, além de integrações com Asana, Monday e uma API própria. Se quiser ir além, há suporte a n8n e até MCP para cenários avançados.

Nem tudo é glamour. Alguns sites protegem contra scraping e exigem intervenção; compras pedem login e, por segurança, eu prefiro manter a etapa humana de aprovação; gráficos podem precisar de edição manual; e, como qualquer automação, o resultado depende do quão específico é o pedido. Ainda assim, o resultado final é de “tempo devolvido”: em vez de eu fazer o trabalho braçal, eu desenho o objetivo, defino critérios e reviso a entrega.

Sobre o modelo de uso, o sistema trabalha com créditos. No meu teste, a versão Basic (assinada no anual) custava US$ 16/mês e liberava duas tarefas simultâneas, geração de imagens/vídeos/slides e um pacote generoso de créditos mensais, além de diários. Existe um plano gratuito com créditos limitados para experimentar e compreender onde o agente mais rende na sua rotina. O painel de uso mostra quanto cada tarefa consumiu — o protótipo de app, o dashboard financeiro, a busca de imóveis — e isso ajuda a planejar o mês e a calibrar pedidos (às vezes, vale escolher “velocidade” para rascunhos e “qualidade” para a versão que vai para o cliente).

O momento em que entendi o valor real foi quando percebi que não preciso “ficar olhando”. Eu delego, troco de aba, faço outra coisa e volto quando o agente pede uma decisão ou exibe o resultado. É o workflow mental de trabalhar com um estagiário talentoso e incansável, com duas diferenças: ele registra cada passo e aceita refazer sem drama. Se eu disser “inclua um filtro por vaga de garagem” ou “adicione small caps ao dashboard”, ele refaz o pipeline sem perder o fio.

No fim, a comparação com chatbots tradicionais fica até injusta. Não porque o Manos “pensa melhor”, mas porque ele “faz”. Age no mundo, coleta dados, transforma em artefatos úteis e publica quando eu peço. Dá para exagerar no hype? Sempre. Mas, depois de ver planilhas, slides, dashboards e um app surgirem em minutos, fica difícil voltar à rotina de copiar e colar entre mil abas. Se produtividade é reduzir atrito entre intenção e entrega, o Manos AI corta o caminho como poucos. E, quando uma IA te dá tempo de volta, o resto é detalhe.


— Chip Spark.


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