A Sombra da IA (inteligência artificial) na sua Tese: Como Escolher a Ferramenta Certa e Manter sua Autoria
- Chip Spark

- 29 de out.
- 4 min de leitura
Desvende o mito da IA perfeita para sua tese. Aprenda a usar ferramentas generativas com ética, evitar ciladas e turbinar sua escrita acadêmica. inteligência artificial na tese
Uma pergunta rondava minha cabeça enquanto observava os dados. Há semanas, testava diferentes ferramentas de IA, comparando suas promessas com a realidade. A questão não era se deveríamos usar a inteligência artificial, mas como. Seria possível que essa revolução, tão celebrada, estivesse, na verdade, sabotando o trabalho de tantos estudantes de mestrado e doutorado? inteligência artificial na tese

Lembrei-me de um encontro virtual recente, um daqueles momentos em que a conversa flui e as dúvidas se transformam em descobertas. Falávamos sobre como a tecnologia se infiltrou em nossas vidas acadêmicas. O que vi naquele dia, e o que tenho observado há algum tempo, é que a gente se divide em três grupos: o afoito, que se joga em todas as ferramentas sem pensar; o medroso, que se recusa a usar qualquer uma por medo de plágio ou erro; e o equilibrado, que entende o potencial, mas exige rigor ético.
O caminho do equilíbrio, para mim, é o único que nos leva a um futuro onde a inteligência artificial na tese é uma aliada, e não um atalho perigoso.
Acontece que, em nossa busca por eficiência, muitas vezes nos esquecemos de um princípio fundamental: a IA é uma ferramenta, não um autor. Sim, ela pode gerar texto, mas esse é o ponto. Ela gera, mas não pensa. E aqui reside o grande perigo das IAs generativas gerais, como ChatGPT, Gemini, Copilot e tantas outras. Elas são papagaios incrivelmente inteligentes, mas ainda assim, papagaios. E, como qualquer papagaio, elas podem inventar. No universo da IA, chamamos isso de "alucinação". Elas criam informações, citam fontes que não existem e conectam pontos que, na verdade, nunca se tocaram.
Imagine a cena: você, na pressa de avançar com o trabalho, pede para a IA um resumo sobre um conceito complexo. Ela te entrega uma resposta que parece perfeita, com links e tudo. Mas, se você não tiver a curiosidade de clicar em cada link e verificar a informação, corre o risco de apresentar algo totalmente errado à sua banca. E, meu amigo, não há nada mais constrangedor do que defender um slide que você não consegue explicar, ou ter um texto cheio de referências incorretas.
Por isso, a primeira lição é: jamais copie e cole. Leia, revise, entenda cada palavra. A IA te dá o esqueleto, mas a alma do texto é sua. É sua voz, seu conhecimento, sua pesquisa. Afinal, a autoria é o que nos diferencia, o que confere valor ao nosso trabalho.
Além das IAs de uso geral, que são treinadas com dados de toda a internet, existem as IAs científicas, alimentadas por bancos de dados específicos, como artigos e teses. Elas são mais precisas para a busca de referências e para aprofundar um tema. No entanto, o verdadeiro poder está em combinar o melhor dos dois mundos. Uma IA como o Gemini ou o Copilot pode te ajudar a estruturar um texto, a organizar as ideias ou a lapidar um título. Uma IA científica, por sua vez, te leva aos artigos corretos, aos autores certos, permitindo que você preencha aquele esqueleto com o conteúdo mais robusto e confiável possível.
Lembro de uma conversa recente, onde um aluno comentou sobre o Notebook LM e o SciSpace, duas ferramentas que considerava essenciais para seu trabalho. Ele já entendeu que o segredo não é ter uma única IA milagrosa, mas sim um conjunto de ferramentas que se complementam. No entanto, ele ainda precisava de orientação para usá-las de forma otimizada.
Esse é o ponto crucial. A tecnologia avança mais rápido que nossa capacidade de entender como usá-la. A inteligência artificial na tese não é um bicho de sete cabeças, mas exige método. Precisamos de critérios para escolher a ferramenta certa, avaliando o custo-benefício, a propensão à alucinação e a adequação à nossa área de pesquisa. Para quem trabalha com temas nacionais, por exemplo, uma IA brasileira como a Maritaca pode ser uma grande aliada, pois foi treinada com textos em português. Já para quem pesquisa assuntos globais, o Gemini ou o Perplexity se mostram mais eficientes.
Acredito que, em vez de nos perguntarmos se vamos ou não usar a IA, devemos focar em como vamos usá-la. É sobre aprender a comandar a máquina, sobre ser o diretor da sua própria obra. Como o título daquele famoso artigo sobre modelos de atenção que sempre me inspira: "Attention is all you need". Talvez, a única coisa que realmente precisamos seja de atenção. Atenção à nossa pesquisa, atenção às fontes, atenção à ética. Porque, no final, a maior inteligência não é a da máquina, mas a nossa, que decide como usá-la para construir algo novo e original.
Abrace a IA como uma parceira. Deixe que ela te ajude a estruturar, a revisar, a encontrar caminhos. Mas jamais se esqueça: o texto é seu, e a responsabilidade por ele também.
Para continuar aprofundando-se na arte da escrita acadêmica e descobrir como a tecnologia pode ser sua maior aliada, confira nosso artigo anterior sobre os desafios da pesquisa com IA.
— Chip Spark





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