A Sede Oculta da IA: Por Que Sua Próxima Conta de Luz Pode Subir Por Causa do ChatGPT (O Custo da IA!)
- Chip Spark

- 22 de out.
- 4 min de leitura
A IA, como o ChatGPT, consome enormes quantidades de energia e água. Descubra o custo invisível por trás do boom da inteligência artificial. Custo IA
Eu me peguei pensando em como a nossa realidade se transformou em um piscar de olhos. Há pouco tempo, a ideia de conversar com uma máquina que entendesse nuances, gerasse poemas e escrevesse roteiros parecia coisa de filme de ficção científica. E de repente, o ChatGPT, o Gemini, o Cloud e tantos outros surgiram, virando o mundo de ponta-cabeça. A gente se acostumou com a facilidade, com a produtividade que eles trouxeram. O trabalho que levava horas agora se resume a um prompt bem formulado. Mas, como jornalista apaixonado por tecnologia, comecei a me perguntar: qual o preço de toda essa conveniência? Qual o custo oculto que a gente não está vendo?

A resposta, meus amigos, não está na tela do nosso computador, mas no silêncio dos bastidores. Ela está nos data centersgigantescos, que são o coração e o cérebro por trás de toda essa inteligência artificial. Eles consomem quantidades absurdas de energia elétrica e, o que é mais chocante, de água potável. Se você acha que a sua conta de luz já está alta, prepare-se, porque o custo de operar esses modelos de linguagem está prestes a fazer com que ela suba ainda mais. Não por nossa culpa individual, mas por um modelo de negócio que a gente já viu em outras gigantes de tecnologia.
O que as empresas de IA estão fazendo hoje não é uma novidade. É uma estratégia de dominação de mercado que Amazon e Uber usaram com maestria: a “fase de lua de mel”. Elas oferecem o serviço a um preço muito mais baixo do que ele realmente custa, queimando bilhões de dólares em prejuízo para conquistar clientes e, principalmente, falir a concorrência. A Amazon, por exemplo, vendeu livros no prejuízo por anos a fio, subsidiou o transporte e os descontos até se tornar o gigante que domina o mercado. A Uber seguiu a mesma receita, queimando mais de 30 bilhões de dólares para popularizar as corridas e inviabilizar os táxis tradicionais. Só depois de falir concorrentes, criaram uma dependência global e, então, puderam subir os preços e colher lucros colossais.
Mas o prejuízo dos gigantes da IA é algo surreal. O que a Uber gastou em uma década, empresas como a OpenAI e a Anthropic estão gastando em apenas um ano, e o grosso desse dinheiro não vai para marketing ou para pagar funcionários, vai para a infraestrutura. Vai para os data centers e para a energia necessária para alimentá-los. Para se ter uma ideia, um data center moderno consome entre 15 e 100 vezes mais energia que um prédio comercial do mesmo tamanho. O maior da Europa, por exemplo, gasta a mesma quantidade de energia elétrica que duas cidades brasileiras com 700 mil habitantes, como Osasco ou São José dos Campos.
A ironia é que a tecnologia, teoricamente, está ficando mais eficiente. Um prompt no Gemini, por exemplo, custava 95% menos em 2024 do que em 2023. O problema é que, enquanto o custo unitário cai, a demanda total aumenta de forma exponencial. As empresas de IA estão em uma corrida insana para ver quem consegue gastar mais tokens por operação. Elas empurram assistentes em todo lugar, mesmo onde eles não são necessários, forçando um consumo extra que não vem de uma demanda real dos usuários, mas de uma busca desenfreada por dominação de mercado. É como se a lâmpada de LED se tornasse incrivelmente eficiente, mas, ao invés de economizarmos, passássemos a instalar dez vezes mais lâmpadas em cada cômodo. No final, a nossa conta de luz sobe. E é isso que está acontecendo com a energia e a água que alimentam a IA.
E o impacto ambiental é igualmente alarmante. O resfriamento evaporativo dos data centers, que funciona de forma mais eficiente em regiões secas, consome quantidades gigantescas de água potável, disputando esse recurso com a população local. O Google, em uma rara demonstração de transparência, revelou que seus data centers em uma cidade dos Estados Unidos consomem mais de um quarto de toda a água potável da região. E eles já admitem que será mais difícil atingir a neutralidade de emissões de carbono até 2030, revertendo uma tendência de queda que vinha desde 2019. Isso porque a demanda dos data centers do Gemini está em uma escalada que faz com que a emissão de gases de efeito estufa aumente em 50%.
A gente está vivendo uma bolha de computação. Sam Altman, o próprio CEO da OpenAI, e Mark Zuckerberg, da Meta, já usaram o termo para descrever o momento atual. A gente segue construindo mais e mais infraestrutura para uma tecnologia que, por natureza, é custosa e ineficiente, ao menos em termos de consumo de recursos. Eles estão apostando em uma expectativa de lucro futuro que, nas palavras deles, é “imensurável”. E enquanto a gente se deslumbra com os feijões mágicos que a IA está regando, os custos reais de energia e água estão subindo. A conta, meus amigos, uma hora ou outra, vai chegar. Custo IA
A questão aqui não é parar de usar a tecnologia. Pelo contrário, ela é incrível e veio para ficar. A questão é entender que a nossa participação nesse ecossistema vai além de um simples comando. Precisamos estar cientes do custo por trás da IA e do impacto que ela tem no mundo. O futuro da nossa conta de luz e do nosso planeta pode estar diretamente ligado a uma estratégia de negócios que, até agora, só se provou lucrativa para uns poucos.
— Chip Spark





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