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A Jornada da Inteligência Artificial: De Neurônios Elétricos ao Inverno da IA

A história do aprendizado de máquina é mais antiga do que parece. Uma viagem no tempo, dos anos 40 até o surgimento da IA como a conhecemos.


Sempre que alguém me pergunta sobre a história do aprendizado de máquina, noto uma surpresa no ar. As pessoas tendem a pensar que é algo recente, nascido com o boom das startups de tecnologia ou com a popularização do ChatGPT. Mas a verdade é que a jornada da inteligência artificial é muito mais longa e fascinante do que a maioria imagina, uma história cheia de picos de otimismo e vales de desilusão.

IA

Tudo começou, de fato, lá nos anos 40. Não com um computador, mas com um circuito elétrico. Foi em 1943 que Warren McCulloch e Walter Pitts publicaram um artigo que descrevia como os neurônios trabalham. Para ilustrar a teoria, eles criaram um modelo elétrico, dando à luz à primeira rede neural. Poucos anos depois, em 1950, o genial Alan Turing propôs seu famoso teste, que desafiava uma máquina a convencer um humano de que ela era, na verdade, outro humano. Era o início de uma longa e complexa conversa sobre o que realmente significa "pensar".

Mas o termo "machine learning" só viria à tona em 1959, cunhado por Arthur Samuel, um dos pioneiros da área. Seu programa de jogo de damas, que usava uma poda alfabeta para medir as chances de vitória, foi um dos primeiros exemplos de um programa que "aprendia" a melhorar suas próprias decisões. A década de 50 foi um período de ouro, um momento de otimismo puro. Frank Rosenblatt criou o Perceptron, a primeira rede neural artificial, um modelo tão revolucionário que sua essência ainda é usada hoje. E em Dartmouth, um workshop histórico marcou o nascimento formal do campo da IA.

O entusiasmo, no entanto, não durou para sempre. A promessa de máquinas inteligentes que resolveriam todos os problemas da humanidade foi superestimada. Na década de 70, o campo mergulhou em um período de estagnação conhecido como "O Inverno da Inteligência Artificial". O financiamento secou, a confiança diminuiu e a realidade se impôs: o poder computacional era limitado, a quantidade de dados era escassa e a promessa de uma IA generalista parecia distante. Foi um tempo de reflexão, onde até o Teste de Turing foi questionado pelo famoso experimento mental da "sala chinesa", que defendia que um computador pode simular a compreensão de uma linguagem sem, de fato, entendê-la.

Mas, como toda grande história, houve um renascimento. A partir dos anos 80, o interesse ressurgiu, impulsionado por novas ideias como a retropropagação, que permitiu a criação de redes neurais com múltiplas camadas, e o investimento de países como o Japão, que forçou os Estados Unidos a correrem atrás. A vitória do IBM Deep Blue sobre o campeão mundial de xadrez em 1997 foi um marco, e a partir daí, os avanços se tornaram exponenciais. O advento do smartphone e o rápido crescimento da quantidade de dados disponíveis transformaram a IA de uma promessa distante em uma realidade cotidiana. O que antes era uma série de improvisações, hoje é uma disciplina científica robusta.

É fascinante olhar para trás e ver essa montanha-russa. O que começou com um diagrama em um papel e um circuito elétrico hoje toca quase todas as esferas da nossa vida. E a história nos ensina uma lição crucial: a jornada é longa. O futuro da IA não será apenas sobre a tecnologia que criamos, mas sobre como cultivamos o cuidado e a responsabilidade para navegar por essa realidade em constante atualização.


— Chip Spark

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