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10 mitos sobre inteligência artificial que precisamos abandonar em 2025

Deixar mitos para trás é essencial para entender o real impacto da IA (inteligência artificial) nos negócios e na sociedade. sobre


Lembro bem do impacto que senti ao acompanhar a palestra de Sandy Carter no South by Southwest. Ela falava com a energia de quem viveu os bastidores da IBM, da Amazon Web Services e agora lidera a Unstoppable Domains. Mas o que mais me chamou atenção não foram as credenciais e sim a forma como desmontou, um a um, os principais mitos que ainda cercam a inteligência artificial. Foi como assistir alguém acender luzes em um corredor cheio de portas que antes pareciam fechadas.

mitos sobre inteligência artificial

O primeiro mito que Sandy quebrou foi o de que a IA seria “apenas mais uma tecnologia”. Essa crença simplista ignora que já estamos vivendo transformações invisíveis ao nosso redor. Pense nos sistemas de recomendação da Netflix ou da Amazon, tão presentes no cotidiano que esquecemos que são pura IA em ação. Se olharmos para frente, os números impressionam: até 2030, a McKinsey estima que US$ 13 trilhões de dólares serão adicionados à economia a partir da inteligência artificial. Não é exagero dizer que estamos diante da tecnologia que mais rapidamente passou da fase experimental para a produção em larga escala.

Outro mito recorrente é o da confiança. Quantas vezes não ouvimos alguém afirmar que não dá para confiar na IA? Sandy trouxe um contraponto direto: é possível confiar sim, mas não de forma cega. A confiança vem com responsabilidade, transparência e investimento em segurança. O surgimento de soluções como marca d’água invisível para imagens, desenvolvida pela Crowd Gen, mostra que já estamos criando ferramentas para mitigar riscos. É provável que, em breve, produtos de IA venham com certificações de confiança — um selo competitivo tão valioso quanto qualquer diferencial técnico.

Quando a conversa chega no mercado de trabalho, o cenário fica ainda mais delicado. Há quem insista em repetir que a IA vai simplesmente “acabar com os empregos”. Mas a visão de Sandy é mais equilibrada: ela fala em transformação, não em substituição pura e simples. Sim, milhões de postos vão desaparecer, mas muitos outros, em número ainda maior, surgirão. O Fórum Econômico Mundial estima que 92 milhões de empregos serão eliminados até 2030, mas 170 milhões serão criados. Não é a morte do trabalho, é uma mudança de pele.

Dois mitos aparecem quase como irmãos gêmeos: o de que a IA não vai afetar minha empresa e o de que o SEO seguirá intocado. A realidade é que já estamos vivendo essa virada. Quase metade dos usuários digitais já preferem fazer suas buscas em plataformas de IA em vez dos buscadores tradicionais. Isso muda completamente o jogo do marketing digital. O SEO que conhecemos hoje tende a se transformar em algo mais profundo: a engenharia de otimização generativa, com foco em experiências hiperpersonalizadas. Até 2030, Carter prevê o fim do marketing universal. O futuro é o marketing para uma pessoa só.

Outro mito que caiu por terra é o de que implementar IA seria complexo demais. O conceito de vibe coding, que Sandy apresentou, é revelador: imagine descrever em linguagem natural o que você precisa e deixar que a própria IA gere o código. Isso já começa a acontecer com as soluções sem código. O resultado? A barreira técnica que parecia intransponível está desmoronando diante dos nossos olhos.

Também é hora de abandonar a ideia de que qualquer dado serve. A verdade é que os dados estão se tornando mais valiosos do que os códigos em si. No setor de saúde, por exemplo, uma margem de erro de 15% pode custar milhões e vidas. Por isso, vemos o surgimento de marketplaces de dados e estratégias de monetização em que empresas tratam suas informações como ativos. Quem continuar acreditando que “dado é tudo igual” ficará para trás.

Outra crença a ser deixada no passado é a de que tudo na IA se resume a large language models. Esses modelos são incríveis, mas não são o futuro isolado. Sandy aposta nos agentes de IA, entidades digitais autônomas capazes de executar tarefas específicas e até interagir entre si. Ela arrisca um prazo: até 2027, veremos a consolidação de uma economia A para A — agente para agente. Não é mais ficção científica, é tendência.

A ideia de que IA seria “só sobre softwares” também não se sustenta. A robótica e os humanoides estão cada vez mais próximos de se tornar parte do cotidiano profissional. Sandy foi direta: até 2030, robôs humanoides estarão no mercado de trabalho, seja na logística, seja no atendimento ao cliente. É uma previsão ousada, mas que ecoa os investimentos massivos já acontecendo no setor.

Por fim, há o mito de que ninguém consegue acompanhar o ritmo das mudanças. Esse talvez seja o mais perigoso, porque gera paralisia. A própria Sandy desarmou esse pensamento: não é preciso ser especialista para acompanhar. Testar, brincar, interagir, ler, participar de eventos — tudo isso está ao alcance de qualquer pessoa curiosa. O que não dá é para ficar de braços cruzados esperando que a maré passe.

Saí da palestra convencido de que os mitos sobre a inteligência artificial não são apenas equívocos conceituais; eles são muros invisíveis que limitam nossa visão do futuro. Derrubar esses muros é urgente, porque a velocidade da transformação não vai esperar por ninguém.

Se 2024 foi o ano em que a adoção da IA atingiu 72% das empresas do mundo, 2025 precisa ser o ano em que deixamos de lado velhas crenças e nos abrimos para um olhar mais realista, crítico e esperançoso. Não se trata de acreditar ou desconfiar cegamente, mas de entender com clareza os impactos, limites e oportunidades dessa tecnologia.

O futuro não pede nossa permissão para acontecer, mas pede nossa participação consciente. E essa é a grande lição que levei comigo: a inteligência artificial não é um mito, é uma construção coletiva.


— Chip Spark.

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