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Testei a Cloud AI por um dia — o que funciona, o que falta e quando vale o upgrade

Experimentei a Cloud AI: análise de imagens, leitura de PDFs, criação de tabelas e limites do plano grátis. Veja quando vale usar e quando migrar.


Entrei na Cloud AI como quem abre uma porta nova num prédio antigo: curioso, desconfiado e com a sensação de que algo familiar pode estar ali, só esperando para ser redescoberto. Autentiquei com minha conta Google e fui direto ao que interessa: entender o que essa LLM consegue fazer no dia a dia sem pagar nada.

Cloud AI

O primeiro teste foi de praxe — perguntar “o que você faz?” — e a resposta veio completa e pedagógica: análise e produção de texto, programação, tradução, brainstorming, síntese de pesquisa, planejamento. A Cloud AI posiciona-se como uma LLM versátil. Pedi então algo prático: um cardápio para um homem de 1,80 m e 75 kg que quer ganhar 5 kg em seis meses. Ela respondeu com lógica nutricional correta — IMC, superávit calórico, composição de macronutrientes — e montou um plano por refeições. Foi o suficiente para eu entender que, em tarefas de aconselhamento geral e estruturação, a Cloud AI é competente. Sempre com a ressalva que um profissional humano deve validar recomendações de saúde — detalhe que a própria ferramenta lembra.

O truque prático apareceu quando pedi que ela transformasse aquele cardápio em tabela. A Cloud AI organizou horários, alimentos e calorias com clareza. Aqui a experiência foi fluida: geração de texto estruturado que vira visual, útil para transformar conversa em artefato reutilizável. Só senti falta de um botão “exportar para CSV/Excel” — algo que outras LLMs oferecem e que facilitaria fluxos de trabalho imediatos.

Subi um PDF em seguida — limite de 30 MB por arquivo e até 20 uploads — e perguntei quais eram as principais hospedagens de Porto de Galinhas listadas ali. Resultado: a Cloud AI mapeou o documento, extraiu os nomes e até ordenou por nota. Para pesquisa em documentos, o serviço é direto e rápido; a experiência de “faça uma pergunta sobre meu PDF” foi tão natural quanto conversar com um colega que leu o arquivo antes de você. Isso, para quem lida com relatórios, revisões ou pesquisas, é ouro.

Testei também a análise de imagens. Carreguei uma fotografia aérea da Torre Eiffel e pedi uma leitura descritiva. A Cloud AI deu um texto que parecia ter olhado com cuidado: identificação provável de drone, menção ao Champs de Mars, observação de ônibus turísticos e até análise do céu. Comparado a outros modelos que costumo usar, achei a interpretação visual bastante rica — um ponto forte para quem precisa de descrições rápidas, metadados ou triagem de mídia.

Mas nem tudo foi brilho. Duas fricções se destacaram: a falta de busca em tempo real no plano gratuito e cotas inesperadas. Perguntei se ela podia buscar na web; a resposta foi direta: não no plano que eu estava usando — o conhecimento é limitado até abril de 2024. Em práticas que exigem dados ao minuto (preços, disponibilidade, eventos), isso é um limitador claro. Além disso, depois de algumas interações intensas, recebi um bloqueio temporário: “créditos esgotados, volte às 20h”. Outras LLMs que testei permitem mais liberdade no free tier — aqui a Cloud AI parece empurrar mais cedo para o upgrade.

Esses dois pontos mudam a equação do “quando usar”. Se seu fluxo é baseado em leitura de documentos, resumo de relatórios, geração de conteúdos e análise de imagens offline, a Cloud AI entrega muito bem — e com respostas claras e bem estruturadas. Se seu trabalho exige busca em tempo real, integração imediata com APIs externas ou exportação fácil de tabelas para planilhas, outras opções podem ser mais práticas no plano gratuito.

Para extrair o máximo da Cloud AI sem pagar, o meu checklist prático ficou assim: 1) escrever prompts com contexto claro e solicitar saídas formatadas (tabelas, listas numeradas); 2) subir PDFs com pergunta específica (“liste X com notas”); 3) usar as capacidades visuais para geração de legendas e metadados; 4) evitar depender de dados ao vivo; 5) salvar localmente qualquer saída importante, porque a exportação nativa pode faltar. Em fluxos híbridos — parte documento, parte web — é melhor combinar Cloud AI com uma LLM que ofereça web access e ferramentas de export.

No fim do dia, a Cloud AI entregou uma mistura familiar: competência técnica real, interfaces amigáveis e dois lembretes do mercado atual — as LLMs são excelentes, mas os planos e integrações determinam o quão automáticas suas tarefas serão. Eu gostei especialmente da leitura de imagens e da capacidade de transformar entradas brutas (PDFs) em respostas úteis. E, honestamente, se o seu uso for orientado por documentos e criatividade, a Cloud AI vale a pena mesmo no gratuito. Se você precisa de dados em tempo real e muita exportação, reserve um orçamento ou combine ferramentas.

A IA está ficando melhor em fazer o trabalho chato para que a gente pense o trabalho criativo. Resta escolher as ferramentas certas para cada etapa do processo — e ligá-las de forma inteligente. Se quiser, no próximo texto eu monto um roteiro passo a passo para integrar Cloud AI com planilhas e um gerenciador de tarefas; pode ser uma forma prática de contornar algumas limitações sem pagar agora.

Se curtiu esse teste prático, passa lá no Teck AI para conferir nossa série de comparativos entre LLMs — tem dica de prompts e templates para extrair tabelas e resumos com um clique.


— Chip Spark

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